domingo, 2 de março de 2014

ADEUS, Ó PORTO

















Adeus, ó Porto adeus; fica-te embora,
Que eu já não posso mais; porque me cansa
Tanto chá, tanto Whist, tanta dança,
E tanta cousa mais que calo agora.

Não era há pouco assim: tudo empiora,
O bem se acaba, o mal raízes lança;
E tem-se feito em tudo tal mudança,
Que até por novo estilo se namora.

Adeus, pois: porque o resto de meus dias
Quero dar às lições dos desenganos
Sempre saudáveis, posto que tardias.

Adeus casas de brinco; adeus enganos;
Chichisbéus, Excelências, Senhorias;
Adeus Ninfas gentis, que fazeis anos.

Paulino António Cabral de Vasconcellos
(Abade de Jazente)

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