sábado, 9 de março de 2013

O HARMÓNIO










 
 

(Sátira com todo o respeito)
 
Num canto da Igreja um harmónio
Gemia de palheta deslassada
Além dos foles rotos. O demónio
Não respondia bem à pedalada.
 
Que havia de dizer o César Franck
Se ouvisse distorcer as suas peças
Pousadas a dormir sobre a estante
Com pautas tresmalhadas e às avessas?
 
Foi meu avô comprar o instrumento
A Singeverga quando o Convento
Inaugurou um órgão mais canónico.
 
O Abade agradeceu. Num desaforo
Pô-lo num canto não o quis no coro
Onde moderno brilha um eletrónico.
 
Abel da Cunha
 

1 comentário:

marcelowork disse...

Adorei a sátira que tem um grande fundamento histórico e prático. São verdades sobre o instrumento. Parabéns, o texto é divertido demais.