domingo, 24 de fevereiro de 2013

SERENATA




Uma guitarra antiga nos penedos
   Tangida por Virgílio ou por Horácio
   Em ritmo de balada. Ágeis dedos
   A repicar nas doze cordas de aço.

   Cantavam como Hilários! Arremedos
   Em tom bemol com um vibrato lasso
   Até que a Aurora viesse manhã cedo
   Render a lua branca no espaço.

   Os trovador’s chegavam da Lamela
   Dos Gémeos do Brasil de Bugalhós
   Da Bouça Riba d’Ave…  A sua voz

   Batia suavemente nas janelas.
   E a porta já sem trinco ou fechadura
   Abria-se à saudade e à ternura.

   Abel da Cunha

1 comentário:

Frassino Machado disse...

Para complementar esta poética SERENATA - paradigma ancestral de memória familiar - haveria de se acrescentar (porque não?) as matinas ao sol poente do cónego Elias e os madrigais matutinos do carismático tenor Benjamim Salgado, bem assim as visionárias tiradas de Raúl Brandão, que nunca faltavam à chamada dos "velhos saraus" da Casa da Beira.
Frassino Machado