quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

LIBERTAÇÃO















Menino doido, olhei em roda, e vi-me
Fechado e só na grande sala escura.
(Abrir a porta, além de ser um crime,
   Era impossível para a minha altura...)

   Como passar o tempo?...E diverti-me
   Desta maneira trágica e segura:
   Pegando em mim, rasguei-me, abri, parti-me,
   Desfiz trapos, arames, serradura...

   Ah, meu menino histérico e precoce!
   Tu, sim!, que tens mãos trágicas de posse,
   E tens a inquietação da descoberta!

   O menino, por fim, tombou cansado;
   O seu boneco aí jaz esfarelado...
   E eu acho, nem sei como, a porta aberta!

   José Régio
   in Biografia


   

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