terça-feira, 8 de janeiro de 2013

MEMÓRIA IMPERFEITA









Fernão de Magalhães Gonçalves
Jou/Murça 1943
Seul/Coreia do Sul 1988


Ao Fernão de Magalhães Gonçalves

Não te pude seguir nos traços do destino
Porque dobraste a esquina noutra direção;
Como cigano errante andaste peregrino
Por terras onde havia amor e perdição.

Calaram-se em Granada os cravos e as rosas.
Só romanceia o vento, suspirando a erva.
Foste a Seul e ainda não voltaste. Agora
Um pássaro de pedra dura à tua espera.

Levanto este padrão - memória imperfeita -
Na foz do grande rio onde Caronte espreita
Levando ao esquecimento anónimos mortais.

Quiseste ser poeta. E eu vejo-te tão alto
Que mesmo dessa altura me pareces perto
Em páginas abertas que não fecho mais.

Abel da Cunha

1 comentário:

Frassino Machado disse...

Aprecio sumamente este soneto alexandrino, no qual a diáspora lusa se encontra subjacente e personalizado magistralmente pelos elos da amizade. Parabéns, Abel, pelo desempenho manifesto. Um abraço do irmão amigo Frassino Machado