quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

NA FÁBRICA




 


O Tecelão
Van Gogh

Ao poeta Frassino Machado

   

Meu berço foi um cesto vindimeiro
ao pé duma urdideira que tocava
   a mãe rodando teias. No terreiro
   voavam pombas e um cão ladrava.
 
   Na fábrica em trabalhos ruidosos
   usavam-se teares de chumbaria
   que tecelões alçavam poderosos
   batendo lançadeiras com mestria.
 
   Chegavam provisões de novos fardos
   de algodão do Egito ou doutros lados
   alimentando as teias e os teares.
 
   Duas irmãs encarretavam tudo
   graciosamente à espera do futuro
   como Penélopes sonhando mares.
 
   Abel da Cunha
 


 
 
 
 
 
 
Tear Jacquard
com cartões e chumbaria

1 comentário:

Frassino Machado disse...

Reconhecido, meu irmão amigo, pela dedicatória feita à minha pessoa que, no fundo, remeto para ti que fomos e somos embalados pelas recordações da nossa infância... quando presenciávamos in loco as árduas tarefas da industrialização na Casa da Beira... nos idos da nossa prosperidade familiar, já lá vai quase meio século! Um abraço do poetAmigo sempre Frassino Machado