sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

A EXCELENTE SENHORA













Em Santa Clara, abrindo a janela,
podia ver os campos do Mondego.
Entrava um melancólico sossego
enchendo a pequenez da sua cela.

Joana era princesa de Castela,
moeda nupcial de um vão desejo.
Em Santarém, já tinha visto o Tejo
e a mesma solidão morava nela.

Pensava, desfazendo a longa renda,
em reinos e num rei sempre afastado:
onde haverá alguém que compreenda

tanta traição que o mundo tem gerado?
Os reinos todos são história e lenda
e nenhum rei merece ser amado.


Abel da Cunha

1 comentário:

Frassino Machado disse...

A "criança" não merecia quiçá o desfecho de tal estória!... Os Grupos de pressão, a Igreja e o Destino envolveram a sua vida exótica, qual manta de retalhos sem eira nem beira! E só o encaixe num convento poderia constituir o remate para tão mágico puzzle...
Frassino Machado