sexta-feira, 11 de novembro de 2011

PALAVRAS PARA QUÊ












As palavras são um muro arruinado
onde pinto imagens vindas do passado
com a cor da hera persistente e triste.

O Parnaso tem as portas encerradas
e as excelsas musas já desencantadas
vivem no real que diferente existe.

Leio o mundo e repasso devagar
as palavras novas numa ladainha
de invocar as coisas. Oh se fosse ainda
o meu estro verde e verde o meu cantar!

Mas tudo é mudado, tudo é incerto!
Outra a partitura. Sobem outras árias
de modulações distantes e contrárias...
Sinfonia concertante ou desconcerto?

Abel da Cunha



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